Robert Mondavi Private Selection Zinfandel 2012

A Zinfandel californiana é a mesma uva que leva o nome de Primitivo no sul da Itália. Não é uma casta fácil e somente ganhou notoriedade graças ao empenho dos californianos em domá-la. A Zinfandel americana gera vinhos sensuais, de encher a boca. Esta casta não é fácil porque dá frutos em excesso, que não amadurecem por igual, de forma que um bom Zinfandel exige maestria.

A Robert Mondavi é uma vinícola californiana que leva o nome de seu fundador e pioneiro na luta pela excelência dos vinhos americanos. Mondavi faleceu há alguns anos. Ele foi o maior nome do vinho norte-americano na segunda metade do século passado, o embaixador do vinho californiano. Além de ter produzido vinho, deu forte impulso à culinária, às artes e à filantropia. Hoje, sua vinícola no Napa Valley pertence ao grupo Constellation.

Apesar da denominação varietal, esse vinho é na verdade um assemblage: 83% Zinfandel, 6% Petit Syrah, 4% Merlot, 4% Petit Verdot e 3% Syrah. O vinho possui 13% de teor alcoólico e amadureceu por 12 meses em barricas de carvalho francês e americano. Visualmente, vermelho-rubi com alguma turbidez. Quanto aos aromas, frutas bem marcadas – amoras e mirtilos – e uma irremediável pimenta do reino de fundo. Na boca, taninos muito macios e continuidade dos aromas, a ponto de serem perceptíveis os condimentos apimentados. Boa acidez e bom corpo. Equilibrado e com excelente persistência.

Classificação: ****.

Viñas del Mar Stilus Cabernet Sauvignon 2012

Nem só de vinhos grã-finos vive o enófilo perspicaz. Há de se ter sempre na adega vinhos simples, diretos, para consumo descompromissado, durante um almoço no meio da semana, quando - às vezes - uma taça de vinho faz toda a diferença. Na correria do dia-a-dia, é até preferível beber vinhos mais simples, já que os bons vinhos, complexos e estruturados em camadas, demandam tempo e atenção na sua degustação apropriada.
Esse chileno é um vinho direto, feito e engarrafado pela VLR S.A. na região de Cachapoal, situada entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico. Se bem armazenado, é um vinho saboroso. Na taça, apresentou cor vermelho-rubi já com tons de granada, o que demonstra que não vai resistir muito mais tempo em sua luta contra a decrepitude. O líquido estava turvo, o que não se deseja. No nariz, aromas amplos, talvez um pouco forçados de madeira e frutas vermelhas, principalmente cassis, com uma camada subjacente de couro. Os aromas são finos e amplos. Na boca, um vinho quente, com sabores diretos; unidimensional. Taninos suaves e bem trabalhados. Fundo de boca persistente, mas com um ligeiro e desconfortável amargor.
Tenha na sua adega para acompanhar aquela refeição rápida.
Classificação: **


Obikwa Pinotage 2013

Feito na região de Stellenbosch, na África do Sul, este Obikwa Pinotage mostra logo de imediato a força dos vinhos sul-africanos. Com o nome de uma das mais antigas tribos da África do Sul, este vinho celebra a obstinação das tribos Obikwa, assim como a resistência do avestruz. Nativos da região, juntos sobreviveram a intempéries e solo inóspito. 
A Pinotage é uma variedade de uva tinta sul-africana, ela é resultado de um cruzamento proposital entre as uvas Pinot Noir e Hermitage (que hoje é conhecida como Cinsaut), daí deriva seu nome. Essa uva foi criada na África do Sul em 1925 por Abraham Perold, o primeiro professor de viticultura da Universidade de Stellenbosch. Ele tentava combinar as melhores qualidades da robusta Hermitage com a nobre Pinot Noir, mas que é tão difícil de ser cultivada.
Após a confirmação da nova variedade, o melhor exemplar foi escolhido para ser propagado, tendo sido batizado de Pinotage. Seu primeiro vinho foi feito em 1941 em Elsenburg. O reconhecimento mundial da uva aconteceu em 1959 quando um vinho Bellevue feito a partir da Pinotage, ganhou uma competição nacional em 1959. Esse vinho foi o primeiro a mencionar a uva Pinotage no seu rótulo, e esse reconhecimento deu origem a uma grande onda de plantações da Pinotage por toda a região da Cidade do Cabo.
Na análise visual, o Obikwa Pinotage 2013 apresentou cor vermelho rubi intenso, opaco, escorregadio. Aroma intenso e de qualidade, com frutas (principalmente ameixa e frutas silvestres) e pimentas, que posteriormente evoluem para florais muito leves. Na boca, um vinho seco, macio e aveludado, com um frutado muito agradável ao paladar. Corpo médio e persistente. Vinho vigoroso e elegante.

Classifição: ***.

Porto Almiro Tawny




O Vinho do Porto tem origem na região do Douro, em Portugal. É o mais conhecido dos chamados "vinhos fortificados", dotados de maior teor alcoólico, resultado da adição de aguardente vinífera ao vinho, interrompendo o processo de fermentação, além de ter um processo de vinificação muito rápido, de dois a três dias. Embora existam alguns vinhos do Porto secos - difíceis de encontrar -, a maioria é doce, resultado da sobra residual de açúcar que permanece no vinho quando a fermentação é interrompida.

Após este processo de adição de aguardente, o vinho passará por envelhecimento, mantendo contato com a madeira em pipas de características da Região Duriense e, posteriormente, engarrafados. Em alguns exemplares, após o engarrafamento, o vinho passa por um novo período de envelhecimento, mantendo-se reservado enquanto o vinho mantém contato com o oxigênio que sobra na garrafa após fechado.

É possível encontrar uma extensa gama de vinhos do Porto, com diferenças de sabor e aroma. Isso porque, conforme o tempo e o tipo de envelhecimento, o vinho do Porto apresenta determinadas características, recebendo uma classificação própria. O Porto Tawny utiliza as mesmas uvas tintas do Porto Ruby e também passa por pipas de carvalho por um período de dois ou três anos. A diferença é que, posteriormente, segue para barricas de carvalho, ampliando o contato do vinho com a madeira e com o oxigênio. Esse processo acelera a oxidação do vinho, deixando sua cor mais próxima do âmbar, de topázio queimado, e os sabores se aproximam de amêndoas, nozes e outros frutos secos.

Na análise visual, o Porto Almiro Tawny apresentou bela cor vermelho-granada, quase ferrugem. Líquido muito brilhante e denso, com reflexos âmbar e cor muito boa. No nariz, uma profusão de aromas deliciosos e intensos de compotas e frutas secas. Destacam-se as amêndoas, a madeira e o caramelo. Aromas francos, amplos e persistentes.

Na boca, um vinho quente e redondo, sem arestas. Simples e direto, mas mantendo a sofisticação certeira de um bom Porto. Final com fundo aromático e amadeirado de boca e com boa persistência. Harmoniza bem com frutas em compota e também vai bem sozinho, como sobremesa.

Classificação: ****.

(Fonte da introdução sobre Portos: www.mundovinho.com.br)