Vinhos Chilenos

Viñas del Mar Stilus Cabernet Sauvignon 2012

Nem só de vinhos grã-finos vive o enófilo perspicaz. Há de se ter sempre na adega vinhos simples, diretos, para consumo descompromissado, durante um almoço no meio da semana, quando - às vezes - uma taça de vinho faz toda a diferença. Na correria do dia-a-dia, é até preferível beber vinhos mais simples, já que os bons vinhos, complexos e estruturados em camadas, demandam tempo e atenção na sua degustação apropriada.

Esse chileno é um vinho direto, feito e engarrafado pela VLR S.A. na região de Cachapoal, situada entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico. Se bem armazenado, é um vinho saboroso. Na taça, apresentou cor vermelho-rubi já com tons de granada, o que demonstra que não vai resistir muito mais tempo em sua luta contra a decrepitude. O líquido estava turvo, o que não se deseja. No nariz, aromas amplos, talvez um pouco forçados de madeira e frutas vermelhas, principalmente cassis, com uma camada subjacente de couro. Os aromas são finos e amplos. Na boca, um vinho quente, com sabores diretos; unidimensional. Taninos suaves e bem trabalhados. Fundo de boca persistente, mas com um ligeiro e desconfortável amargor.

Tenha na sua adega para acompanhar aquela refeição rápida.

Classificação: **.


TerraNoble Reserva Terroir Carménère 2012

Proveniente do Vale do Maule, do vinhedo “La Higuera”, esse vinho robusto é um exemplar característico do Novo Mundo. Esse vinhedo em particular fica em uma região de clima seco, caracterizado pelas noites frias e dias quentes e luminosos, com solos aluviais, relativamente pobres em matéria orgânica. A elaboração do vinho contou com colheita manual e prensa a 8°C. Depois de 4 dias de crio-maceração, o vinho foi fermentado a 28°C e sofreu uma maceração pós-fermentativa por 8 dias.

Vamos aos detalhes da degustação: visualmente, vermelho-rrubi intenso e escorregadio. Brilhante e de cor muito boa. No exame olfativo, aromas francos, amplos, intensos e medianamente persistentes, com destaque para madeira, figo, chocolate e frutas vermelhas. Um toque picante também se faz notar. Na boca, taninos macios e aveludados. Um vinho de bom corpo, característico da casta. Muito frutado, em continuidade aos aromas. Cheio e redondo. Apesar de pleno de sensações, é um vinho fácil de admirar, pois inunda os sentidos de imediato.

Classificação: ****.


Petirrojo Reserva Carménère 2013

A vinícola da família Birquertt foi estabelecida em 1978 por Osvaldo Bisquertt, um dos pioneiros da vitivinicultura no Vale Colchagua, no Chile. Apesar de ser uma região relativamente nova, esta área rapidamente começou a ser reconhecida como origem de excelentes tintos, especialmente Cabernet Sauvignon, Carménère, Syrah e Malbec. A empresa possui dois vinhedos memoráveis: “El Rulo”, em Peralillo, com vinhas plantadas em 1999; e “El Chequen”, em Marchihue, com vinhas plantadas em 2000. O enólogo é Felipe Gutierrez.

O vinho degustado é elaborado 100% com uvas da casta Carménère, provenientes de vinhas com 12 anos de idade. Estagiou durante seis meses em carvalho francês. Na análise visual, um vinho vermelho-rubi intenso e escuro, límpido. No olfato, destacam-se as ameixas e as ervas aromáticas, em prazerosa combinação com azeitonas e defumados. Aromas finos, expressivos, persistentes e francos, expressos com clareza. Na boca, corpo médio, sabores frutados e acidez destacada. Taninos suaves e agradáveis dão estrutura ao vinho. A sensação é de maciez, com bom equilíbrio entre acidez, estrutura e fruta. Persistência longa, com fim de boca marcante e agradável. Um vinho jovem e sofisticado, com excelente relação custo-benefício.

Classificação: ***.

Baron Philippe de Rothschild Maipo Merlot 2011

Localizada em Buin, Maipo, a Vinícola Baron Philippe de Rothschild fica no meio de um vinhedo de 60 hectares, a trinta quilômetros ao sul de Santiago, no famoso “Valle del Maipo”. Possui uma área construída de 3.600 metros quadrados, com planos para expansão a médio prazo. Os vinhos são produzidos com tecnologia de ponta, a partir de uvas compradas de parceiros selecionados, orientados pelos técnicos da Rothschild em todas as fases do plantio e desenvolvimento dos vinhedos. A fermentação se dá em 36 tanques de 35.000 litros cada um e o afinamento é realizado em barricas de carvalho francês. Nessa vinícola são produzidas três linhas principais: a linha de topo, Escudo Rojo, uma linha intermediária de vinhos Reserva e uma linha de base de varietais tintos.

O vinho degustado foi o Merlot 2011, da linha de base. Trata-se de vinho simples, com coloração vermelho rubi, de média intensidade. No nariz, aromas claros, francos e destacados de frutas (principalmente frutas secas), baunilha, pimentão e chocolate. Na boca, um vinho de médio corpo, redondo, com acidez no ponto. Com 13% de graduação alcoólica, trata-se de um vinho quente. Textura muito aveludada, com taninos macios. Bastante persistente e saboroso. Um bom vinho, por um preço excelente. Classificação: ***.



Adobe Reserva Gewürztraminer 2011


A Gewürztraminer é uma das castas mais aromáticas que existem. É conhecida por atingir seu ápice na Alsácia (França) e se caracteriza pelos aromas de lichia, rosa e gengibre. Esse Adobe, elaborado pela vinícola chilena Emiliana, apresentou uma bela cor dourada brilhante. No nariz, os aromas típicos e muito destacados da casta: aroma muito intenso de lichia, com nuances de frutas, flores e ervas, assim como o esperado gengibre. Aromas finíssimos e intensos; francos e amplos. Um excelente exemplar de vinho aromático. Na boca, um vinho com sabores contínuos e acidez bastante agradável, refrescante, com um final doce e medianamente persistente. Volumoso e untuoso. Um ótimo vinho branco, com excelente relação custo-benefício. Excelente como aperitivo e para acompanhar sushi. 

Além de ser muito bom, esse vinho é produzido com técnicas biodinâmicas, sem qualquer produto químico. Para conseguir bons resultados, a vinícola usa um sistema sofisticado de procedimentos, que incluem elementos da natureza como ferramentas de sustentabilidade do vinhedo. Um exemplo é o uso de animais no auxílio do cultivo. Por exemplo, usam-se  galinhas para controle de insetos e alpacas para remoção de ervas daninhas e fornecimento de adubo natural. Esse método produtivo gera colheitas mais caras, mas com resultados comprovadamente melhores. Classificação: ***.



Santa Helena Chardonnay Reservado 2012

Vinho simples, da linha de entrada da Santa Helena, tradicional vinícola chilena. É um vinho que se encontra facilmente em supermercados. Como esse blog não tem preconceito com vinhos baratos e, sim, acreditamos ser possível encontrar bons vinhos a preços baixos, não deixamos de consumir os tais vinhos de supermercado (apesar de saber que tem muito enochato por aí que torce o nariz!). O importante é saber que há vinho pra todas as ocasiões, para todos os gostos e para todos os bolsos. Não é mais caro que se deve buscar, mas o que tem melhor relação custo-benefício.
Este vinho é 100% Chardonnay. Tem cor amarelo palha brilhante. Cor muito boa. No nariz, forte presença de cítricos e abacaxi. No palato, corpo e estrutura delicados, com predominância de sabores cítricos (em continuidade aos aromas)  e de pêssego. Final curto. Um vinho simples, mas com boa relação custo-benefício, boa acidez e refrescância.  Um cuidado que não deve ser esquecido é que esse vinho é melhor jovem. Assim, se você encontrar um desses de uma safra já de muitos anos, é melhor não comprar, pois terá perdido seu frescor.  Classificação: ***.


Cousiño-Macul Don Luis Merlot 2010

A Cousiño Macul é uma vinícola tradicional do Valle Central no Chile. A linha Don Luis é a linha de entrada da vinícola, que costuma produzir excelentes vinhos. Esse vinho, contudo, me decepcionou um pouco. Não que o vinho estivesse ruim, longe disso. O problema é que não apresentava a tipicidade da uva usada, a Merlot. Esperava mais maciez e menos agressividade. É um vinho de cor rubi intensa e aroma franco, amplo, que lembra cerejas e framboesas, mas ligeiro e pouco persistente. Na boca, árido, tânico, frutado, saboroso, razoavelmente persistente. Não fosse a questão da tipicidade, seria mais bem classificado. Classificação: **.


Ventisquero Clásico Chardonnay 2012

A linha Ventisquero Clásico é composta de vinhos simples, mas bem feitos. São vinhos bons, mas são, sim, um pouco grosseiros. Como já disse em outras ocasiões, recomendo-os para grandes recepções, quando se deseja servir um bom vinho e não é viável, em razão das quantidades envolvidas, servir vinhos muito caros. Esta é a versão Chardonnay da linha. Estagiou em barricas de carvalho francês e americano. De cor amarelo palha, com tons esverdeados, brilhante e escorregadio, possui acidez marcante e refrescante. No nariz, melão e banana, em uma mistura fina e persistente, apesar de não muito intensa. Voltando à boca, um vinho equilibrado e saboroso. Contínuo, untuoso, muito frutado, expressivo e tropical. Excelente para acompanhar refeições leves e pescados. Classificação: ***.



Ventisquero Clásico Cabernet Sauvignon 2012

A linha Ventisquero Clásico é composta de vinhos simples, mas bem feitos. São vinhos bons, mas são, sim, um pouco grosseiros. Recomendo-os para grandes recepções, quando se deseja servir um bom vinho e não é viável, em razão das quantidades envolvidas, servir vinhos muito caros. Este foi feito com a uva Cabernet Sauvignon e foi amadurecido em tanques de aço inox. A Viña Ventisquero fica localizada no Vale Central, no Chile. Na análise visual, o vinho apresentou vermelho rubi intenso. No aroma, frutas vermelhas, em especial ameixa e cereja. Aromas intensos, finíssimos e persistentes. Na boca, algum desequilíbrio (em favor do álcool) e simplicidade, mas, ainda assim, nada de muito prejudicial aos sabores frutados característicos. Classificação: ***.


Ventisquero Clásico Syrah 2011

A linha Ventisquero Clásico é uma linha de vinhos simples, mas bem feitos. Esse Syrah é um bom exemplo. Na análise visual, um vinho de cor vermelho rubi profunda, límpido. No olfato, frutas vermelhas, couro e especiarias, em um conjunto intenso e persistente. Na boca, apresenta boa acidez, corpo médio, demonstra as frutas e especiarias do nariz. Taninos leves, macios e bem equilibrados. Não apresenta complexidade, nem estrutura considerável . Classificação: ***.



Xplorador Sauvignon Blanc 2009

Há pessoas que gostam de prazeres fortes, assim como há aquelas que os apreciam delicados. Esse vinho é para esse segundo tipo de pessoas. A Sauvignon Blanc é uma uva que produz vinhos delicados, ácidos e com aromas bastante frutados. Esse selo - Xplorador, da vinícola Concha y Toro - é uma linha de vinhos jovens, frutados, que têm um caráter de inovação. Feito no Valle Central, no Chile, o vinho tem aroma de limão, maracujá e manga, boca equilibrada e acida, medianamente persistente. O vinho em si é uma boa expressão da Sauvignon Blanc. Harmoniza bem com peixes e frutos do mar. Também vai bem como aperitivo. Classificação: ***.


Casillero del Diablo Malbec 2011

Na análise visual, um vinho límpido e escuro, de cor vermelho-rubi com belos tons violáceos. No nariz, muitas frutas pretas, baunilha, expeciarias, café. Na boca, um vinho típico, concentrado, de taninos presentes e com um leve doce de fundo característico da casta. Começa como um vinho de ataque, preenche a boca com sabores dominantes (café novamente!), mas depois decepciona um pouco, revelando sua simplicidade. Tem final longo e aveludado. Classificação: ***.



Casillero del Diablo Merlot 2011

O Casillero del Diablo Merlot 2011 apresentou-se bastante aromático, com aroma destacado de cerejas, frutas pretas maduras, ervas e manteiga. Na boca, muito ácido, frutado, levemente tânico e com pronunciada característica aveludada. É daqueles vinhos que, ao deixar dois segundos na boca antes de deglutir, deixa a boca com uma deliciosa textura aveludada. Trata-se de vinho encorpado, redondo, amável, persistente. Cor rubi intensa e brilhante. Excelente vinho! Classificação: ****.

  

Frontera Late Harvest

Doce delícia. Assim posso definir o Frontera Late Harvest. Esse colheita tardia da Concha y Toro tem um aroma delicioso e um sabor que lembra mel. Harmonizou muito bem com chocolate e figos em calda. Recomendado. É vinho de sobremesa acessível, para o dia-a-dia, com uma excelente relação custo-benefício. Classificação: ****.