A Vinícola Miolo
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Pórtico da Vinícola Miolo |
O Vale dos Vinhedos está localizado no sul do Brasil, sendo
representativo da colonização italiana, com mais de um século de tradição na
produção de vinhos. Lá, a Vinícola Miolo possui 450 hectares de plantação.
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Prédio Administrativo |
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Centro de Visitantes |
A história dessa vinícola começa em 1897 com Giuseppe Miolo,
um imigrante italiano que se estabeleceu em Bento Gonçalves, no Sul do Brasil,
e passou a plantar e vender uvas. Na década de 1970, a família foi pioneira no
plantio e venda de uvas finas para elaboração de vinhos, tornando-se muito
conhecida pela qualidade da produção. Em 1989, uma crise atingiu as cantinas,
dificultou a comercialização e para não perderem as uvas, a família decidiu produzir
e comercializar o seu próprio vinho. Surge assim a vinícola Miolo.
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Lote 43, famoso pela qualidade das vinhas |
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Fileira de Pinot Noir |
O sucesso foi tamanho que levou a empresa a criar um projeto
de expansão para garantir a qualidade dos vinhos e suprir a demanda. Com o
crescimento, em 2006, a Miolo se aliou a outras marcas e passou se chamar Miolo
Wine Group. Em 16 anos, sua produção alcançou seis milhões de litros, tornando-se
referência como produtora de vinhos finos do País.
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Fileiras de Vinhas |
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Exemplo de Sistema de Condução "em latada" |
Hoje, A Miolo Wine Group é líder no mercado nacional de
vinhos finos entre as vinícolas brasileiras, com aproximadamente 35% de participação
no mercado. Responsável pela elaboração de mais de 100 rótulos produzidos em
sete projetos vitivinícolas no Brasil, em diferentes regiões, a empresa conta
com parcerias internacionais com Argentina, Chile, Espanha, Itália e França. É
a maior exportadora brasileira de vinhos e está entre as principais produtoras
de espumantes, com participação de cerca de 15% no mercado.
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Visita Guiada |
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Barricas na Adega |
Com um belo projeto, a vinícola dispõe de estrutura
excelente para receber visitantes. A visita inclui as caves e os vinhedos, além
de cursos rápidos de degustações. A estimativa é de cerca de vinte mil
visitantes por ano, sendo um dos passeios mais recomendados aos turistas em
passagem pela região de Bento
Gonçalves/RS. É possível acompanhar todo o processo de produção, passear pelos
vinhedos (com fileiras de diversos tipos de uvas, onde se pode ver claramente
como uma casta amadurece e evolui diferentemente das outras), conhecer a adega
e degustar vinhos. A visita é sempre guiada por um enólogo, que conta a
história da empresa e explica como funciona o processo de fabricação do vinho.
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Adegas |
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Garrafas de Espumante nos Pulpitres |
Em frente à Miolo, fica o Hotel & Spa do Vinho, uma
iniciativa da vinícola e de outros empreendedores regionais. O hotel é
belíssimo e, sem dúvida, vale alguns dias de descanso. A decoração conta com
antiguidades autênticas, recolhidas entre as famílias da região e restauradas
com esmero. A ambientação do Restaurante Leopoldina, por exemplo, reúne móveis
de salas de jantar originais, feitos à mão por antigas famílias de imigrantes.
Revestimentos em pedras, móveis em madeira de lei, objetos em prata e lustres
de cristal compõem os ambientes onde o resgate histórico é a linha mestra de
decoração. Sem dúvida, uma visita imperdível!Chandon
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Hotel & Spa do Vinho (Miolo Wine Group) |
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Varanda do Hotel & Spa do Vinho |
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Varanda do Hotel & Spa do Vinho |
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Hotel & Spa do Vinho (Miolo Wine Group) |
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Sala de Estar do Hotel |
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Restaurante do Hotel |
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A Vinícola Chandon
A Chandon do Brasil instalou-se na Serra Gaúcha em outubro de 1973 e, após a construção de sua adega, em 1976, iniciou a elaboração de vinhos espumantes naturais. A subsidiária do poderoso grupo LVMH (o maior produtor de artigos de luxo do mundo, dono de marcas famosas como Moët & Chandon, Louis Vuitton, Veuve Clicquot e Krug) fica instalada em uma moderna fábrica bem próxima da estrada que liga o município de Bento Gonçalves ao município de Garibaldi. É especializada em elaborar espumantes pelo método Charmat. Seu processo produtivo é bastante controlado e seus vinhos são reconhecidos como excelentes escolhas.
As instalações são de muito bom gosto e os jardins são lindos, com terraços com vistas privilegiadas para os parreirais. Para os estudiosos, é curioso ver os sistemas de condução das videiras lado a lado: latada e espaldeira.
A visitação tem horário marcado e as atendentes são muito educadas e prestativas. O roteiro da visita, contudo, é bastante curto. Consiste na apresentação dos produtos da vinícola, depois ida até os tanques, sem maiores explicações sobre o processo produtivo.
O melhor, sem dúvida, é a degustação. Tive o prazer de iniciar o dia tomando seis diferentes espumantes da fábrica. São espumantes feitos com o método Charmat, mais simples que o Champenoise. São, entretanto, tão bem feitos, que são muito melhores do que muitos espumantes feitos com o método tradicional. É bom que se diga que, além do Brasil, a Chandon também é produzida na Austrália, Califórnia e Argentina.
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A Vinícola Aurora
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Pipas de Madeira na Vinícola Aurora |
A história da Aurora inicia em 1875, com a chegada de imigrantes
oriundos do norte da Itália. Estabelecidos na Serra Gaúcha, no Sul do Brasil,
encontraram paisagens e clima similares aos de seu país de origem. Os hábitos e
a cultura europeus não foram abandonados: a vitivinicultura logo teve sua
retomada.
No dia 14 de fevereiro de 1931, dezesseis famílias de produtores de
uvas do município de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, reuniram-se para lançar
a pedra fundamental do que viria a se transformar no maior empreendimento do
gênero do Brasil.
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Tanques inox de fermentação |
Hoje, a Aurora conta com mais de 1.100 famílias associadas,
responsáveis pela produção média de 50 milhões de quilos de uvas, que resultam
em aproximadamente 38 milhões de litros de vinhos anuais. É verdadeiramente uma
potência da vinicultura nacional. Basta dizer que o complexo produtivo
dispõe
de um “vinoduto” de 4,5 quilômetros de extensão, para facilitar o envio do
vinho entre as unidades, dispensando, assim, o uso de caminhões-pipa.
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Barricas de carvalho |
A Aurora oferece visita guiada pela vinícola, localizada no centro da
cidade de Bento Gonçalves (RS). O visitante tem contato com os diversos
procedimentos de elaboração dos vinhos, percorrendo corredores com barris de
carvalho, tanques de inox e enormes pipas de madeira. O trajeto é interligado
por túneis, que fazem o visitante vivenciar um pouco da cultura e tradição
locais.
Trata-se de uma vinícola antiga e dá para perceber isso em suas
instalações.
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Display com alguns dos produtos da Aurora |
Não é exatamente bonita (algumas coisas são bem kitsch!), mas é
bem instrutiva. O passeio começa pelas antigas pipas de madeira (que não são
mais utilizadas) e prossegue pelos tanques inox de fermentação, com suas cintas
de refrigeração, passando pelas barricas de carvalho e finalizando com a
degustação em uma cave especialmente preparada para receber os visitantes. De
tudo o que vimos, o que mais nos impressionou foi o que sentimos no ar: os
deliciosos aromas da fermentação invadem a sala de espera e ficamos meio
inebriados enquanto aguardamos o guia.
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Corredor que leva à "Cave de Baco", sala de degustações onde o passeio termina. |
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Bento Gonçalves: A Capital Brasileira do Vinho
O Brasil aos poucos se abre para o vinho. Como resultado, a indústria espera, para os próximos anos, crescimento no consumo médio do brasileiro (ainda irrisório, quando comparado aos habitantes de outros países como França, Argentina, Portugal e Luxemburgo). Mesmo para os iniciantes, contudo, é comum a concepção de que vinho não é só o líquido. Há uma cultura que viceja junto com os parreirais. Essa cultura extrapola as máquinas e os períodos de safra. Ela está entranhada nos hábitos alimentares e familiares de gerações de admiradores da bebida. Na esteira dessa cultura, abre-se uma nova indústria, cada vez mais reconhecida: a do enoturismo.
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"Pipa Pórtico", na entrada de Bento Gonçalves. |
Enoturismo é o conjunto de atividades relacionadas ao turismo em áreas produtoras de vinhos, nas quais o vinho atua como elemento principal. Ainda engatinhando nessa área, o Brasil concorre com destinos muito mais tradicionais nesse tipo de turismo: as regiões de Champagne, da Toscana ou mesmo a Califórnia são destinos mais bem estruturados e com mais fluxo de turistas. Isso, porém, começou a mudar há cerca de quinze anos. O Brasil começou a enxergar na Serra Gaúcha uma alternativa interessante para a prática do enoturismo. Vinícolas, indústrias, administradoras de cartões e todo tipo de empreendedores, além da população local, começaram a acreditar que os passeios regados a um bom vinho poderiam ser um excelente negócio. Assim, despontou a região enoturística da Serra Gaúcha, que compreende a cidade de Bento Gonçalves e os municípios circunvizinhos.
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Monumento ao Imigrante, em Bento Gonçalves |
Visitar Bento Gonçalves e suas vinícolas é mais que um prazer para o enófilo. É uma necessidade para a compreensão da indústria brasileira de vinhos, seus alicerces e seu modo produtivo. É também um carinho para os sentidos: olfato, visão, paladar. É difícil passar incólume a uma vinícola e seus parreirais, sem admirar os sistemas de condução das videiras, as uvas, o verde, as máquinas. Bento Gonçalves dá uma lição de vitivinicultura e por isso foi recentemente eleito por uma revista especializada como um dos dez melhores destinos enoturísticos do mundo. Só posso concordar.
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Tanques inox de fermentação na Vinícola Aurora. |
Minha visita por “Bento”, como passei a carinhosamente chamar a cidade, foi de vinícola em vinícola, parreiral em parreiral. Saí de lá com vontade de morar, como em toda viagem que se preze. Primeiramente, nem é necessário sair da cidade para começar as visitas. Uma das maiores vinícola fica bem no centro de Bento: a vinícola Aurora. Recomendo começar por ela, para se ter uma noção do tamanho das plantas fabris e da estrutura do vinho nesta região do país. Após alguns passeios, logo percebemos o modus operandi das vinícolas: uma explicação sobre a história da vinícola, seus criadores e principais produtos, seguida de uma sempre interessante visita à linha de produção, por sua vez seguida de degustações deliciosas que deixam o visitante assim... alegre, terminando com uma infalível visita à loja de fábrica. Foi assim que voltei para Brasília apinhado de vinhos e apaixonado por Bento.
Após a - obrigatória - visita à Aurora, recomendo uma ida à Chandon, que fica no município vizinho de Garibaldi. A subsidiária do poderoso grupo LVMH (o maior produtor de artigos de luxo do mundo, dono de marcas famosas como Moët & Chandon, Louis Vuitton, Veuve Clicquot e Krug) fica instalada em uma moderna fábrica bem próxima da estrada que liga os dois municípios. O passeio pela Chandon é muito agradável, com seus extensos jardins e belos parreirais. O prédio é moderno e muito bem estruturado.
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Espumantes da degustação na Vinícola Chandon |
Saindo da Chandon, a melhor opção é – sem dúvida – emendar uma visita à belíssima Miolo. Com uma estrutura excelente, a vinícola é um passeio imperdível. Esse passeio inicia no parreiral, com fileiras de diversos tipos de uvas, onde se pode ver claramente como uma casta amadurece e evolui diferentemente das outras. O passeio segue pelas adegas e termina com uma degustação impecável, com vários vinhos de primeira linha. Depois da Miolo, recomendo pegar o carro – sim, alugar um carro é uma necessidade! – e parar para um café em uma das várias cafeterias que existem no caminho entre uma vinícola e outra. Falando em carros, é bom que se diga que um GPS vai bem. Eles ajudam a encontrar as vinícolas e a traçar as melhores rotas. Para quem vai a Bento, a prefeitura disponibilizou um excelente aplicativo para smartphones, chamado “Turismo Bento”, que tem os principais lugares e que ajuda a traçar as rotas usando o GPS do celular. Recomendadíssimo.
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Videiras na Vinícola Miolo |
Aurora, Chandon, Miolo são apenas alguns nomes conhecidos quando se fala em vinho no Brasil. Se você for a Bento, não deixe de ir também a uma vinícola pequena, familiar. Converse com os agricultores, experimente o café colonial. Se possível, vá no período da safra e veja a festa da colheita. O vinho não é só um líquido, definitivamente. A vinha não é só uma planta. Eles são, sim, expoentes de uma cultura que celebra a alegria, a beleza, a tradição. Falando em beleza, é bom dizer que muitas coisas me impressionaram em Bento, mas talvez a mais bela de todas seja a vista dos parreirais, com fileiras antecedidas por roseiras. As rosas no meio das vinhas são um acalanto aos olhos e não dão a certeza de que estamos em um lugar especial, onde tudo nos incita a fazer um brinde à vida.
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Roseiras na frente das fileiras de vinhas (Vinícola Salton) |