Vinhos Portugueses

Porto Almiro Tawny



O Vinho do Porto tem origem na região do Douro, em Portugal. É o mais conhecido dos chamados "vinhos fortificados", dotados de maior teor alcoólico, resultado da adição de aguardente vinífera ao vinho, interrompendo o processo de fermentação, além de ter um processo de vinificação muito rápido, de dois a três dias. Embora existam alguns vinhos do Porto secos - difíceis de encontrar -, a maioria é doce, resultado da sobra residual de açúcar que permanece no vinho quando a fermentação é interrompida.

Após este processo de adição de aguardente, o vinho passará por envelhecimento, mantendo contato com a madeira em pipas de características da Região Duriense e, posteriormente, engarrafados. Em alguns exemplares, após o engarrafamento, o vinho passa por um novo período de envelhecimento, mantendo-se reservado enquanto o vinho mantém contato com o oxigênio que sobra na garrafa após fechado.

É possível encontrar uma extensa gama de vinhos do Porto, com diferenças de sabor e aroma. Isso porque, conforme o tempo e o tipo de envelhecimento, o vinho do Porto apresenta determinadas características, recebendo uma classificação própria. O Porto Tawny utiliza as mesmas uvas tintas do Porto Ruby e também passa por pipas de carvalho por um período de dois ou três anos. A diferença é que, posteriormente, segue para barricas de carvalho, ampliando o contato do vinho com a madeira e com o oxigênio. Esse processo acelera a oxidação do vinho, deixando sua cor mais próxima do âmbar, de topázio queimado, e os sabores se aproximam de amêndoas, nozes e outros frutos secos.

Na análise visual, o Porto Almiro Tawny apresentou bela cor vermelho-granada, quase ferrugem. Líquido muito brilhante e denso, com reflexos âmbar e cor muito boa. No nariz, uma profusão de aromas deliciosos e intensos de compotas e frutas secas. Destacam-se as amêndoas, a madeira e o caramelo. Aromas francos, amplos e persistentes.

Na boca, um vinho quente e redondo, sem arestas. Simples e direto, mas mantendo a sofisticação certeira de um bom Porto. Final com fundo aromático e amadeirado de boca e com boa persistência. Harmoniza bem com frutas em compota e também vai bem sozinho, como sobremesa.

Classificação: ****.

(Fonte da introdução sobre Portos: www.mundovinho.com.br)


Casal Garcia Rosé 2012


O Casal Garcia é um ícone dos vinhos verdes de Portugal e faz parte da vida de muitos. Sua popularidade, contudo, acabou por torná-lo alvo de preconceito (há quem o coloque até como sinônimo de vinho de baixa qualidade de Portugal). Vários são os motivos, inclusive o fato de que é um vinho que está no nosso mercado faz muito tempo, de modo que as novidades trouxeram um novo padrão de vinhos brancos, inclusive de vinhos verdes. Além disso, a garrafa azul lembra os péssimos vinhos alemães (Liebfraumilch) que invadiram nosso país por volta da década de 90. Adicionalmente, por ser um vinho encontrado com facilidade em supermercados, criou-se a ideia de vinho vulgar.

A questão para afastar o preconceito é entender que o Casal Garcia não é um vinho verde exuberante, mas um produto simples e discreto. Embora as uvas que o construam sejam exemplares tradicionalmente ligados aos vinhos verdes (por exemplo, Trajadura, Loureiro, Pedernã e Azal), ao longo de sua existência, o Casal Garcia acabou sendo talhado como um modelo próprio de vinho verde, em que se percebe o aroma frutado e floral e que na boca se desenvolve leve, macio e discretamente frutado, marcado por uma flagrante intenção de ser refrescante. Isso tudo com simplicidade. Trata-se de um vinho com um padrão já conhecido e com bastante frescor, para ser apreciado a qualquer momento. Entendido isso, não há motivo para preconceito.

Esse rosé, da safra 2012, já passou um pouco do ponto de ser tomado. Na verdade, se recomenda tomar vinhos verdes no máximo dois anos após a safra, para que ainda se perceba a refrescância característica. O vinho foi elaborado com as castas Vinhão, Azal Tinto e Borraçal e possui 10% de teor alcoólico. De cor cereja, apresentou um aspecto límpido e ligeiramente efervescente, como é de se esperar. No nariz, muito frutado, com destaque para morangos e framboesas. Aromas finos e muito agradáveis. Na boca, percebe-se a continuidade da fruta e ainda muito destacada a refrescância, apesar da sua idade. No fim de boca, um vinho ácido, que deixa a boca bem limpa, com persistência média.

É um produto bom e honesto. Um vinho leve que vai bem com pratos leves. Experimente com salada, camarões e muita descontração!

Classificação: ***.



Ilógico 2012




Nós do Poesia Engarrafada gostamos muito de vinhos que apostam em rótulos divertidos. Em uma indústria tão tradicionalista, essa atitude de alguns produtores traz vigor e jovialidade. Não se iludam, contudo, achando que rótulos divertidos são sinal de vinhos ruins (na verdade, é quase o contrário!).

O Ilógico é do produtor Antônio Saramago. Vem da DOC Alentejo e foi produzido com as uvas Aragonez e Trincadeira. A elaboração consistiu, em síntese, em fermentação em cuba de inox a 30ºC, com estágio em carvalho francês e americano durante 3 meses e em garrafa durante 6 meses.
O mais importante agora: a análise!

Visualmente, vermelho-rubi intenso e límpido. Simples e direto nos aromas com notas de defumado, frutos vermelhos, principalmente ameixa e groselha. Na boca apresentou taninos macios, acidez e muita fruta (com destaque para a firme sensação de morangos). Corpo médio. Termina com um forte e agradável retrogosto defumado, sem nenhuma aspereza. Um vinho que, pelo preço, é excepcional. Classificação: ****.

Bigode 2009



Fui surpreendido por esse vinho, produzido na região de Lisboa pelo enólogo José Neiva. Acho que me deixei levar pelo rótulo e esperava grande sisudez, tanino marcante. Que nada! Vinho jovial, alegre, fácil de beber. Leve, com 11,5% de graduação alcoólica. Equilibrado, frutado (cereja, morango, groselha e ameixa vermelha) e saboroso. Elaborado com as castas Tinta Roriz, Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Castelão, Caladoc e Shiraz. Sabe aquele vinho do dia-a-dia? Sem muita complicação e excelente custo-benefício. Final curto, mas saboroso. Combina com almoços fartos (carnes leves, assados), amigos e alegria. Classificação: ***.

Rapariga da Quinta 2011

Este vinho português da região do Alentejo, produzido pelo renomado enólogo Luiz Duarte, é elaborado com as castas Aragonez, Trincadeira e Touriga Nacional. Com 14% de teor alcoólico e estagiando seis meses em barricas de carvalho americano, era de se esperar um vinho intenso e puxado para o álcool. É, contudo, sinônimo de jovialidade e modernidade. Possui um excelente custo x benefício. Na taça mostrou cor rubi intensa e brilhante, com boa formação de lágrimas. No nariz, frutas vermelhas, especiarias, baunilha e tabaco. Na boca, taninos elegantes e em bom equilíbrio com a acidez e o álcool. Final de boca muito agradável, de média intensidade. Um vinho para comprar sem medo. Vai muito bem com carnes e pizzas com recheios mais pesados. Classificação: ****.


Vista TR Tinto 2009

Vinho português da região de Beiras, produzido pela vinícola Aliança com as castas Tinta Roriz (conhecida como Tempranillo na Espanha) e Touriga Nacional. Na análise visual, vermelho granada límpido e escorregadio, de cor muito boa. Na análise olfativa, aromas francos e amplos, incluindo frutas e baunilha. Na boca, redondo, fácil de beber e muito macio. Seco, equilibrado no álcool (13% de graduação alcoólica), muito saboroso e medianamente persistente, deixa a boca macia e aveludada. Excelente custo-benefício (cerca de R$30 no Walmart). Classificação: ****.



Burton's Tawny Port

Comprei esse Burton's Tawny Port e quem aproveitou mesmo foram meus pais. Peguei o restinho da garrafa e com ele fiz a degustação. Visualmente, o vinho não estava bom, turvo e com partículas em suspensão. No aroma, as notas doces comuns aos portos, acompanhadas de aromas de frutas e de madeira. O Tawny é um porto envelhecido, já menos rústico e potente que o Ruby, motivo pelo qual é comum o aroma da madeira onde ele é mantido. Na boca, um vinho correto, delicado e bem estruturado. Vinho bom, exceto pelo aspecto visual. Classificação:**.




Porto Almiro Ruby

Esse é para adoçar sua terça-feira: Vinho do Porto Almiro Ruby! Na análise visual, vinho denso, cor vermelho rubi (como diz o nome do vinho), porém com tons de granada. Em geral, uma boa cor. Com relação a aroma, trata-se de um vinho com aromas frutados e de chocolate (também, por isso, vai bem com o tal). Na boca, vinho licoroso, com boa acidez, macio, persistente e complexo. Em geral, trata-se de um vinho vigoroso, intenso e doce, sem ser chato ou enjoativo. Recomendo para sobremesas e para ser servido sem acompanhamento. Até mesmo no início de uma boa refeição. Por fim, não custa lembrar: o vinho do Porto Ruby é um dos poucos vinhos que harmonizam com chocolate. Classificação: ***. 



Comenda Moscatel do Douro
Eu sei que vinhos fortificados e de sobremesa engordam, mas o agregado de aroma, sabor, corpo é irresistível. Tomamos esse Moscatel do Douro em casa, comparando-o com outro vinho de sobremesa (o Salton Intenso). Ele é feito com uvas Moscatel, como o nome diz. Não o confundam com o Moscatel de Setúbal, que é feito na região de Lisboa. Esse, por sua vez, é feito na região do Douro, próximo da cidade do Porto. Vinho de cor amarelo âmbar com tons avermelhados, muito límpido. Denso. Aromas cítricos e da própria uva moscatel (a única que transmite seu aroma ao vinho, é importante enfatizar). Aroma bastante fino, intenso e persistente. Nesse quesito, pontuou menos que o Salton. Na boca, contudo, o Comenda ganhou: bastante equilibrado, muito intenso e persistente. Vinho macio, que termina muito bem. Classificação: ***.



Porto Valdouro Tawny


Porto Valdouro é uma marca que tem ampla base instalada aqui no Brasil. Você consegue encontrar em quase toda loja de vinhos. Eu gosto, como gosto de vinho do porto em geral. Não é um porto de primeiríssima linha, como os vintage e LBV, mas é correto, irrepreensível. Recomendo, não tem erro. Esse tawny tomei em casa, aos pouquinhos. Os portos tawny são vinhos delicados, já oxidados, o que dá para eles uma característica cor avermelhada. Experimentem tomá-lo no lugar da sobremesa. Classificação: ***. 


Porto Valdouro Ruby

Outro Porto Valdouro, esse um ruby. Os portos ruby, ao contrário dos tawny, mantém o frescor da fruta, pois são minimamente oxidados. São vinhos fortes e densos, de sabor peculiar. O Ruby é um dos poucos vinhos que harmonizam com chocolate. Qualquer outro vinho some se você tentar misturá-lo com chocolate. O Ruby, contudo, aguenta o tranco por ser também "agressivo". Esse estava correto, saboroso e bastante aromático. Outra dica de uso dos Portos Ruby é um drink delicioso: Caipiporto, feito com uvas (ou morangos) esmagados, gelo, Porto Ruby e água tônica (ou club soda). Classificação: ***.


Royal Oporto Rosé

Tomamos esse Porto Rosé em um curso muito bom de Vinho do Porto que fizemos há um tempo atrás. Desde então fico adiando a compra de outra garrafa dele, mas acho que não vou adiar mais! É um excelente vinho, delicado e com a cor sedutora dos rosés. A Real Companhia Velha, bodega tradicional de portos, fez esse Rosé com as castas Touriga Nacional e Touriga Franca. Possui 19% de teor alcoólico e aroma frutado. Na boca, elegante e macio, longo e persistente. Excelente para acompanhar frutas secas. Experimentem servi-lo de entrada, com damascos. Classificação: ****.



Dow's Fine Tawny Port
Esse porto, importado pela Scotch House, é feito com as castas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Tinta Roriz e Tinta Cão. Trata-se de um tawny com aroma de frutos secos e madeira. Vinho delicado e persistente, que acompanha muito bem queijos e nozes. Excelente como aperitivo. Classificação: ***.



Eirados Fine Ruby

O produtor responsável por esse Porto, Eirados, fez um vinho alcoólico, de cor rubi intensa. É um ruby característico, com aroma de frutos vermelhos (framboesa, amora) e maduros. Na boca, doçura equilibrada pela acidez, álcool presente e bem equilibrado, boa persistência. Classificação: ***.



Justino's Vinho Madeira

Esse vinho é delicioso! Vinho para horas especiais, de aroma e sabor muito delicados. Sou fã desde o primeiro gole e toda vez que vejo uma garrafa fico, sim, balançado para comprar. Vinhos Madeira são vinhos muito delicados e com aromas e sabores amplos, francos e sutis, resultantes do "cozimento" por que passam em seu processo de fabricação. O Justino's é o vinho madeira mais conhecido por essas bandas do Atlântico, e não faz feio. Aromas delicados de nozes, frutos secos e alguma madeira. Na boca, festa. É certeza de convivas felizes. lassificação: ****.



Justino's Vinho Madeira Seco

Surpreendente vinho madeira, de uma vinícola estabelecida e mundialmente reconhecida – a Justino’s. A empresa está estabelecida na Ilha da Madeira desde 1870 e é considerada uma das mais antigas da região. Atualmente ocupa uma posição de destaque nos mercados internacionais, pois em 1993 associou-se a um dos maiores grupos franceses de produção e distribuição de bebidas. Foram construídas novas instalações com o objetivo de melhorar a vinificação, produção e envelhecimento do vinho, de modo a conjugar os métodos tradicionais com a mais avançada tecnologia disponível.

A Madeira, ilha situada no Oceano Atlântico a 400 milhas da costa norte da África, foi descoberta em 1419 pelo navegador português João Zarco. As condições privilegiadas do seu clima e o solo de origem vulcânica permitem a produção de vinhos de qualidade muito superior e aroma único. O que torna os vinhos da Ilha da Madeira tão especiais é o seu processo de estufagem, o cozimento do vinho depois da sua fermentação alcoólica e posterior adição de álcool vínico. Esse processo simula o aquecimento das barricas nos porões dos navios que transportavam o vinho até a Inglaterra.

Este Madeira seco, vinificado a partir de diversas castas da região e segundo os métodos tradicionais, apresenta aroma finíssimo e muito persistente, com notas destacadas de mel, frutos secos, amêndoas e caramelo. Na análise visual, um belo vinho de cor âmbar, com formação de grossas lágrimas, o que denota seu caráter licoroso e denso, ligeiramente turvo. Na boca, leve, redondo, macio, aveludado, complexo. Vivo, muito persistente e seco, mas também muito agradável. Impressionante. Um vinho que faz toda a diferença! Classificação: ***** (ganhou cinco estrelas mesmo com a turbidez na cor, vejam como é bom!).



Porto Comenda White

Vinhos do porto brancos não são muito comuns, mas são igualmente maravilhosos. Na verdade, existe muita variedade de vinhos do porto brancos, desde vinhos extremamente secos a vinhos extremamente doces (chamados "Lágrima"). Comprei esse Comenda porque estava com um preço bom e não me arrependi. Geladinho é uma delícia. Aroma de frutas secas e amêndoas, bela cor dourada; na boca, redondo, quente e muito encorpado. É um vinho muito aromático, excelente como aperitivo e sobremesa. Recomendo harmonizá-lo por contraste com embutidos, como presunto e salaminho. Classificação: ***.

 

Burmester Extra Dry White

Vinho Porto branco muito seco, esse Burmester é de uma personalidade única. Aromático, saboroso, intenso. É perfeito como aperitivo, para abrir o apetite. Em dias de calor, misturado com água tônica, gelo e limão, resulta em um drink único, saborosíssimo e refrescante: o Portonic. Comprem sem erro e sem pena. Ah, e não deixem de fazer o Portonic, com rodelas generosas de limão! Classificação: ***.



Eirados Fine White

Esse Porto Branco, do produtor Eirados, tem teor alcoólico de 19,4%. Feito com as castas Malvasia Fina, Moscatel Galego, Rabigato, Folgasão e Gouveio, apresentou cor amarelo dourado e aromas cítricos. Na boca, é um vinho delicado e elegante, com bom equilíbrio entre açúcar e acidez e muito frescor no fim de boca. Excelente vinho para aperitivos, ocasião em que pode ser servido com frutas secas e castanhas. Também vai muito bem como acompanhamento de sobremesas, como torta de limão ou maracujá. Classificação: ***.


Delaforce Fine Ruby Port

Vinho do Porto Ruby de cor vermelho rubi, com tons de granada. Vinho muito límpido, de cor muito boa e escorregadio, como era de se esperar. No nariz, aroma destacados, francos e amplos. Notas de cereja, mel, compotas, amoras e outras frutas vermelhas frescas. Aromas intensos e de muita qualidade. Na boca, um vinho quente (20% de graduação alcoólica), saboroso, ácido, cremoso, denso. Gostei bastante. Classificação: ****.


Prime's Port Ruby

Porto Ruby de cor intensa, vermelho bem escuro. A cor não estava boa e o vinho estava turvo, o que é um defeito de percepção imediata, já que vinhos devem ser brilhantes (e ficam assim por causa das filtragens e do ácido tartárico da composição). No nariz, alguma compensação: aroma bastante marcante de frutas e compotas. Na boca, persistente, ácido na medida, correto, um vinho sem complexidade. Isso, em um Porto, não deixa de ser um defeito, porque os Portos são tudo, menos vinhos simples e "honestos". Acho que, no geral, faltou um pouco do frescor que era de se esperar dos bons Rubys. Talvez a armazenagem não tenha sido adequada, porque o IVDP (Instituto do Vinho do Douro e do Porto), órgão que regula a produção desse tipo de vinho, costuma ser bastante rigiroso com a qualidade dos produtos. Classificação: **.



Adriano Ramos Pinto Lágrima

O Porto Lágrima, exclusivamente branco, é o mais doce dos portos. Esse era bastante aromático: mel, capim cortado, alguma mineralidade de fundo e muitas notas de frutas. Na boca, o doce realmente pronunciado é equilibrado com uma acidez elevada, resultando em um vinho licoroso que não é pesado, nem chato. O único problema é que você engorda - muito! - sem perceber... Classificação: ****.



Ferreira Porto Ruby x Porto Comenda Ruby
Degustação de Portos Ruby. De um lado o Ferreira, de outro o Comenda, ambos comuns nas gôndolas de supermercados e enotecas pelo país. No exame visual, ambos se apresentaram de forma idêntica: vermelho-rubi escuro, densos, brilhantes e de cor muito boa. As diferenças começaram nas fragrâncias: ambos demonstraram aromas francos, amplos e frutados, mas o Comenda apresentou mais nuances, inclusive de chocolate e de cereja, em uma mescla finíssima, muito intensa e muito persistente. Na boca, contudo, não teve discussão: o Ferreira é melhor. Vinho bastante equilibrado e persistente, finíssimo e muito intenso. No geral, posso dizer que o Ferreira é um excelente vinho do Porto. Saboroso, aromático e persistente, com toda a complexidade que se espera de um Porto Ruby. O Comenda, por sua vez, apesar de ser deliciosamente aromático, não é complexo no palato. Fiquei até um pouco decepcionado. Há certamente outros Portos Ruby bem melhores em termos de sabor, como o próprio Ferreira. Daí resultou a classificação dessa degustação. Classificação Ferreira: ****. Classificação Comenda: ***.



Croft Pink Port

Vinhos do porto podem ser tintos brancos ou rosés. Esses últimos são uma das minhas paixões. São vinhos que juntam o melhor dos dos mundos: o vigor dos tintos, a leveza dos brancos e a complexidade e vigor dos Portos. Isso tudo sem considerar a festa para os olhos que os rosés representam. Esse Croft Pink é exemplo desse carinho visual, cor rosa-cereja, escorregadio e brilhante. Aroma franco e fino, com notas deliciosas de frutas frescas, mel, rosas... aroma daqueles que vem em camadas. Na boca, muita leveza. Vinho licoroso, alcoólico e corretamente ácido, mas que alcança equilíbrio em níveis mais baixos do que nos rubys que tenho degustado. Vinho muito bom, recomendado. Se virem por aí, comprem e bebam gelado. Um último detalhe: sempre achei um crime hediondo colocar gelo em vinhos, de qualquer tipo, mas a leveza e informalidade desse Porto Rosé é uma exceção: vai bem com umas pedras de gelo, como se fosse um drink (se tiver umas folhas de hortelã, melhor!). Classificação: ****.



Messias Porto Tawny

O Messias Porto Tawny tem uma inesperada coloração vermelho rubi. Digo "inesperada" porque os portos do estilo Tawny costumam ter cor atijolada. Essa cor é resultado da oxidação que esses vinhos sofrem. São vinhos delicados, que costumam ir bem com queijos e nozes (como aperitivo) ou sozinhos (como sobremesa). Os portos tawny são vinhos delicados, já oxidados, o que dá para eles uma característica cor avermelhada. As uvas usadas são a Touriga Nacional, Touriga Francesa, Tinta Roriz e Tinta Cão. Os aromas predominantes são de frutas secas. Na boca é encorpado, frutado, ácido na medida. Delicado e sutil como se espera de um Tawny. Um vinho equilibrado, com ótimo final de boca, bastante persistente. Recomendo (vejam como a garrafa já estava vazia quando a foto foi tirada!). Classificação: ***.