TerraNoble Reserva Terroir Carménère 2012

Proveniente do Vale do Maule, do vinhedo “La Higuera”, esse vinho robusto é um exemplar característico do Novo Mundo. Esse vinhedo em particular fica em uma região de clima seco, caracterizado pelas noites frias e dias quentes e luminosos, com solos aluviais, relativamente pobres em matéria orgânica. A elaboração do vinho contou com colheita manual e prensa a 8°C. Depois de 4 dias de crio-maceração, o vinho foi fermentado a 28°C e sofreu uma maceração pós-fermentativa por 8 dias.

Vamos aos detalhes da degustação: visualmente, vermelho-rrubi intenso e escorregadio. Brilhante e de cor muito boa. No exame olfativo, aromas francos, amplos, intensos e medianamente persistentes, com destaque para madeira, figo, chocolate e frutas vermelhas. Um toque picante também se faz notar. Na boca, taninos macios e aveludados. Um vinho de bom corpo, característico da casta. Muito frutado, em continuidade aos aromas. Cheio e redondo. Apesar de pleno de sensações, é um vinho fácil de admirar, pois inunda os sentidos de imediato.

Classificação: ****.


Petirrojo Reserva Carménère 2013



A vinícola da família Birquertt foi estabelecida em 1978 por Osvaldo Bisquertt, um dos pioneiros da vitivinicultura no Vale Colchagua, no Chile. Apesar de ser uma região relativamente nova, esta área rapidamente começou a ser reconhecida como origem de excelentes tintos, especialmente Cabernet Sauvignon, Carménère, Syrah e Malbec. A empresa possui dois vinhedos memoráveis: “El Rulo”, em Peralillo, com vinhas plantadas em 1999; e “El Chequen”, em Marchihue, com vinhas plantadas em 2000. O enólogo é Felipe Gutierrez.

O vinho degustado é elaborado 100% com uvas da casta Carménère, provenientes de vinhas com 12 anos de idade. Estagiou durante seis meses em carvalho francês. Na análise visual, um vinho vermelho-rubi intenso e escuro, límpido. No olfato, destacam-se as ameixas e as ervas aromáticas, em prazerosa combinação com azeitonas e defumados. Aromas finos, expressivos, persistentes e francos, expressos com clareza. Na boca, corpo médio, sabores frutados e acidez destacada. Taninos suaves e agradáveis dão estrutura ao vinho. A sensação é de maciez, com bom equilíbrio entre acidez, estrutura e fruta. Persistência longa, com fim de boca marcante e agradável. Um vinho jovem e sofisticado, com excelente relação custo-benefício.

Classificação: ***.

Casal Garcia Rosé 2012




O Casal Garcia é um ícone dos vinhos verdes de Portugal e faz parte da vida de muitos. Sua popularidade, contudo, acabou por torná-lo alvo de preconceito (há quem o coloque até como sinônimo de vinho de baixa qualidade de Portugal). Vários são os motivos, inclusive o fato de que é um vinho que está no nosso mercado faz muito tempo, de modo que as novidades trouxeram um novo padrão de vinhos brancos, inclusive de vinhos verdes. Além disso, a garrafa azul lembra os péssimos vinhos alemães (Liebfraumilch) que invadiram nosso país por volta da década de 90. Adicionalmente, por ser um vinho encontrado com facilidade em supermercados, criou-se a ideia de vinho vulgar.

A questão para afastar o preconceito é entender que o Casal Garcia não é um vinho verde exuberante, mas um produto simples e discreto. Embora as uvas que o construam sejam exemplares tradicionalmente ligados aos vinhos verdes (por exemplo, Trajadura, Loureiro, Pedernã e Azal), ao longo de sua existência, o Casal Garcia acabou sendo talhado como um modelo próprio de vinho verde, em que se percebe o aroma frutado e floral e que na boca se desenvolve leve, macio e discretamente frutado, marcado por uma flagrante intenção de ser refrescante. Isso tudo com simplicidade. Trata-se de um vinho com um padrão já conhecido e com bastante frescor, para ser apreciado a qualquer momento. Entendido isso, não há motivo para preconceito.

Esse rosé, da safra 2012, já passou um pouco do ponto de ser tomado. Na verdade, se recomenda tomar vinhos verdes no máximo dois anos após a safra, para que ainda se perceba a refrescância característica. O vinho foi elaborado com as castas Vinhão, Azal Tinto e Borraçal e possui 10% de teor alcoólico. De cor cereja, apresentou um aspecto límpido e ligeiramente efervescente, como é de se esperar. No nariz, muito frutado, com destaque para morangos e framboesas. Aromas finos e muito agradáveis. Na boca, percebe-se a continuidade da fruta e ainda muito destacada a refrescância, apesar da sua idade. No fim de boca, um vinho ácido, que deixa a boca bem limpa, com persistência média.

É um produto bom e honesto. Um vinho leve que vai bem com pratos leves. Experimente com salada, camarões e muita descontração!

Classificação: ***.

Ilógico 2012




Nós do Poesia Engarrafada gostamos muito de vinhos que apostam em rótulos divertidos. Em uma indústria tão tradicionalista, essa atitude de alguns produtores traz vigor e jovialidade. Não se iludam, contudo, achando que rótulos divertidos são sinal de vinhos ruins (na verdade, é quase o contrário!).

O Ilógico é do produtor Antônio Saramago. Vem da DOC Alentejo e foi produzido com as uvas Aragonez e Trincadeira. A elaboração consistiu, em síntese, em fermentação em cuba de inox a 30ºC, com estágio em carvalho francês e americano durante 3 meses e em garrafa durante 6 meses.
O mais importante agora: a análise!

Visualmente, vermelho-rubi intenso e límpido. Simples e direto nos aromas com notas de defumado, frutos vermelhos, principalmente ameixa e groselha. Na boca apresentou taninos macios, acidez e muita fruta (com destaque para a firme sensação de morangos). Corpo médio. Termina com um forte e agradável retrogosto defumado, sem nenhuma aspereza. Um vinho que, pelo preço, é excepcional. Classificação: ****.

Viña Amalia Reserva Malbec 2010

A Viña Amalia carrega o nome do respeitado enólogo Carlos Basso. O vinhedo fica em La Consulta, Mendoza, e metade do vinho passa 12 meses em madeira. Na análise visual, coloração densa, de um rubi quase totalmente negro. No nariz, ameixa, framboesa, mirtilo, café e pimenta. Na última e mais importante análise, o paladar, o vinho se mostrou bom, agradável e redondo, com bom corpo e bastante frutado. A madeira está bem integrada ao conjunto. O final foi de média persistência, deixando a boca limpa e agradável. Um vinho quente, com 14% de álcool, bem integrado. Boa relação custo-benefício. Classificação: ***